
O concurso da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (PMERJ), um dos mais aguardados do país na área de segurança pública, foi interrompido em 2023 após uma série de polêmicas que chegaram ao Supremo Tribunal Federal (STF). A suspensão do certame levantou discussões sobre igualdade de gênero, lisura na aplicação das provas e fragilidades na escolha da banca organizadora. Agora, candidatos e especialistas voltam as atenções para o próximo edital, previsto para 2026, que deve trazer ajustes significativos e um modelo de seleção mais transparente.
STF barrou limite de vagas femininas
Em outubro de 2023, o ministro Cristiano Zanin concedeu medida cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 7.483), ajuizada pela Procuradoria-Geral da República, que contestava a reserva de apenas 10% das vagas para mulheres no concurso. A decisão considerou o percentual discriminatório e em desacordo com o princípio constitucional da igualdade, suspendendo imediatamente o andamento da seleção.
Semanas depois, o Plenário do STF validou um acordo para que o certame pudesse prosseguir, mas sem a limitação de gênero. A partir de então, homens e mulheres passaram a concorrer em igualdade às 2.000 vagas ofertadas.
Provas anuladas e troca de banca
Antes mesmo da decisão judicial, a aplicação das provas objetivas, em agosto de 2023, já havia gerado desconfiança. Houve denúncias de falhas na fiscalização, atrasos e até prisões em operação policial no dia da avaliação. Em meio às críticas, a PMERJ decidiu anular a prova e rescindir o contrato com a banca organizadora IBADE.
Posteriormente, a Fundação Getulio Vargas (FGV) foi escolhida para assumir a reaplicação, numa tentativa de dar mais credibilidade ao processo. A mudança de banca foi vista como uma forma de reforçar os mecanismos de segurança e transparência do concurso.
O que esperar do próximo edital de 2026
Com o episódio de 2023 ainda recente, a expectativa é de que o novo edital, previsto para 2026, seja elaborado com mais rigor. O governo do Rio de Janeiro já confirmou a intenção de lançar uma nova seleção para Soldado, com 2.000 vagas inicialmente, mas não descarta a possibilidade de convocações adicionais diante da carência de efetivo.
A principal mudança deve ser a concorrência sem restrição de gênero, seguindo a determinação do STF. Além disso, a tendência é de reforço na fiscalização das etapas e maior cuidado na definição da banca responsável.
Impacto para candidatos
Para milhares de concurseiros, a suspensão trouxe frustração, mas também lições importantes. Especialistas apontam que o episódio reforça a necessidade de se preparar com antecedência, considerando tanto a parte intelectual quanto o treinamento físico exigido nos testes de aptidão.
O caso também reacendeu o debate sobre a representatividade feminina nas forças de segurança e a importância de certames inclusivos e transparentes.